''Remodelar uma habitação de uma família é uma das tarefas mais complexas com que se pode deparar um arquitecto e cuja responsabilidade torna-a um desafio aliciante. Sobretudo quando essa remodelação implica intervir em espaços diariamente utilizados e que já não conseguem dar resposta às necessidades actuais dos seus utilizadores. Aliado a isso é preciso nunca esquecer que existem hábitos e memórias enraizadas, que por vezes são difíceis de abandonar de modo a abraçar formas mais eficientes de habitar.'' Quem o diz são os arquitectos do estúdio AMATAM, que desenvolveram o projecto que hoje lhe mostramos. Inicialmente tratava-se apenas de uma mudança na disposição do mobiliário de forma a melhor aproveitar o espaço em duas divisões do T2 - a sala e o quarto de 3 crianças do sexo masculino. Ao observar o espaço os arquitectos perceberam que deveriam propor uma intervenção mais profunda de forma a alterar realmente a disposição espacial.
Este livro de ideias é a prova que pequenas intervenções, convenientemente planeadas podem fazer toda a diferença tanto do ponto de vista estético como funcional.
Parece uma sala muito maior, o mobiliário claro torna-o menos pesado e mesmo menos presente.As paredes foram aproveitadas para armários e repare que se instalou iluminação sobre o armário.
Dado a dimensão do apartamento, existia uma clara carência de espaços de arrumação. Assim na sala, os arquitectos propuseram a colocação de um armário a toda a altura, resolvendo um impasse que existia na volumetria da sala. O armário, de linhas simples e discretas, incorpora uma pequena secretária para os pais poderem usar, localizada de modo a tirar partido da luz natural existente.
Um beliche simples para dois dos rapazes, mais uma vez um elemento pesado e escuro: o baú de madeira, que ideias tem para este espaço? Fazer conviver três crianças num mesmo espaço constantemente não é tarefa fácil e exige um bom planeamento do espaço.
Veja abaixo o resultado…
O mobiliário da sala parecia um pouco descontextualizado e apesar de não ser muito clássico tinha um aspecto pesado, talvez também por ser escuro. Espaço? De facto não era muito, mas o que poderia ser feito? Consegue imaginar alguma sugestão? Veja na próxima imagem o resultado.
Aqui estão as crianças, num espaço comum que permite trabalhar, brincar e dormir, em conjunto ou separadamente. Um espaço alegre e claramente multifuncional.
''Num quarto em que tudo é partilhado, fez sentido apostar num layout que permitisse definir três áreas individualizadas, e com a possibilidade de serem personalizadas, respeitando assim a identidade de cada um dos rapazes. De modo a colocar as três camas de forma eficiente e compacta, com o objectivo de libertar espaço útil no quarto para as actividades lúdicas, suprimiu-se o roupeiro existente. Contudo esta decisão aliada ao desenho de todo mobiliário, permitiu no geral criar mais área de arrumação do que a existente, acrescendo áreas de estudo e de brincadeira, e dotar o espaço de uma atmosfera lúdica e funcional. Cada rapaz tem à sua disposição duas portas de armário e gavetões na sua cama, além de áreas comuns de arrumação sobre a área de estudo. O cantinho que inclui uma cama e secretária junto à janela, foi desenvolvido a pensar no rapaz mais velho pois necessita de um espaço mais individualizado para as obrigações escolares.
Junto à janela foi desenvolvida a outra área de estudo. Um espaço a pensar nos rapazes mais novos, que irão fazer os trabalhos de casa juntos. O painel de madeira em frente da secretária permite que coloquem os seus desenhos e notas para a semana. Lateralmente está contemplada uma estante para arrumação de fácil acesso. A área de brincar está demarcada espacialmente com a colocação de um tapete redondo, marcando o centro de actividade do quarto. Foi ainda atribuído destaque à parede oposta à janela, com a colocação de um vinil com figuração abstrata de pássaros em forma de origamis multi-color, que visa potenciar a liberdade de expressão. Uma bela e simples ideia, conheça outros exemplos aqui.
De modo a personalizar o espaço de cada um, considerou-se três cores distintas escolhidas por eles, de modo a identificar o território de cada um deles. A cor surgiu de modo dominante na zona das camas, e de modo mais discreto em apontamentos no mobiliário. Com este processo participativo os arquitectos conseguiram que também as crianças se identificassem com a remodelação do espaço!
Segundo os arquitectos, o maior desafio, foi sem dúvida, desenvolver um quarto com 13m² para três rapazes, com idades compreendidas entre os 5 e os 8 anos, que integrasse uma área de roupeiro, uma área de estudo, e claro de dormir, para cada um deles, e ainda um espaço para brincar de modo a que a rotina de ocupar a sala por falta de espaço no quarto fosse alterada.
Veja aqui vários exemplos de mobiliário para um quarto de crianças.